§ Mudanças
§ Idade!
§ Ouch!
§ Gimme!
§ !
Era indeterminado o tempo que já tinha passado desde o primeiro segundo de espera. A ausência de qualquer sinal de vida, eucariótico ou não, dava um aspecto de congelamento temporal à estação do comboio! Podiam ter passado dois segundos da mesma forma como podiam ter passado dois minutos, mas nunca duas horas poderiam ter passado porque os oitenta e quatro kilos de Paula iriam começar a fazer sentir a sua presença provacando dores alucinantes nas pernas revestidas duma ganga preta!
Com um olhar crítico e penetrante percorria as arestas das pedras do chão, as curvas dos caixotes do lixo, as sombras projectadas pelos ramos desnudos das árvores....e com um suspiro fundo morria de tédio e pensava que era mais interessante ver toda uma temporada das Tardes da Júlia na televisão...sempre podia aprender com uma socialite qualquer como arrumar tudo o que é vital para umas férias de luxo numa malinha tamanho XS! Pena que o conceito de vital não seja universal, porque três doses de Botox e um biquini com as cores do Brasil não seriam certamente para ela coisas vitais! [os kilos a mais certamente não estariam localizados no cérebro!]
E ele que nunca mais vinha, ele que tinha hora marcada, ele que a fazia esperar tempos indeterminados, mas nunca duas horas, ele que a fazia remoer pensamentos libidinosos acerca da presença de um banco para repousar as pernas doridas...talvez já tivesse passado meia hora!
De repente, ao longe, qual D.Sebastião, viu-o.
Finalmente o comboio chegara!
Não que interesse muito, como nada interessa muito neste mundo [oh sim divagações a esta hora do dia ou da noite ou de que altura do dia/noite se trata], à menos de dez dias fiz vinte e um anos!
Escrever a idade com duas palavras é realmente um sinal de que estou a ficar velho!
Talvez sorria quando fizer trinta! Pelo menos será somente uma palavra!
João encontrava-se sentado naquele banco metálico, tão impessoal, tão frio, tão desprovido de memórias embora tantas tivessem passado por ele! Talvez o frio metálico fosse como um repelente de memórias, não as deixando aderir e lá permanecer durante tempos infindáveis.
João encontrava-se no meio da estação de comboio, abrigado do frio e da chuva miudinha que se adivinhava cair lá fora, não tanto pelo barulho mas pelo ar de desagrado dos que vinham da rua, sacudindo os casacos com gestos rápidos e secos, antagonismo divertido visto encontrarem-se encharcados!
João encontrava-se no meio dos sons, altos, roufenhos, semi-estridentes! Encontrava-se entre os cheiros, um hibridoma entre o calorífero das castanhas assadas e o sufocante dos tubos de escape....mas que tubos de escape? Encontrava-se entre as cores, os movimentos, os rodopios da íris!
João encontrava-se sentado naquele banco metálico quando sente algo contra o seu pé! De forma inquiridora olha e vê uma tangerina! Não é que as idiotas das mulheres que se sentavam do outro lado do banco tinham deixado cair o telemóvel e estavam a tentar tirá-lo mandando-lhe com uma tangerina?
João encontrava-se suspirando! Haja paciência...ser agredido por vitamina C? Em outro dia por favor!
Hoje estou triste!
Talvez porque os dedos já não estejam habituados a carregar nas teclas com a precisão de antigamente, talvez porque as ideias já não escorreguem pelas paredes polidas do crânio ou mesmo porque a lingua já se me enrola entre as cavidades dos dentes esmaltados!
Qualquer que seja a razão, hoje estou triste, ou pelo menos penso que o estou!
Penso que o estou porque não tenho certezas do que é estar triste, do que é sentir tristeza, do que se sente quando não se sente alegria mas também não se sentem todas as outras coisas que não são tristeza e estão num limbo tanto ou quanto estranho para aqueles que vivem e trabalham só com os extremos!
Hoje estou triste!
Definitivamente hoje estou triste! Não estou alegre, isso sei-o com toda a certeza, porque mesmo que não saiba o que é estar alegre, sei que quando acho que sei que estou alegre sinto-me de uma forma que é em tudo diferente da forma como me sinto agora! A não ser que esta seja uma forma de alegria triste! Será que a verdadeira alegria consiste na tristeza do seu reconhecimento? Do seu englobamento? Do seu posicionamento?
Hoje estou alegremente triste!
Soa melhor não soa? Até parece que estou alegre por conseguir estar triste, como se tivesse atingido uma grande meta! Mas estou triste por o ter conseguido, é como se se acabasse uma etapa da vida, e a alegria de se chegar conjuga-se com a tristeza do acabar! Mas eu não atingi nada, e mais que certo é o facto de que as coisas não acabaram, muito pelo contrário, parece que um prolongamento foi adquirido!
Hoje estou triste!
Sim, sem alegrias nem confusões!
Hoje estou triste!
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